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Sobre alcançar os próprios pés

Em janeiro eu não alcançava meus pés, meus joelhos doíam e a consciência pesava mais do que os quilos que não cabiam na calça jeans 38 (desisti de usar esse manequim com 23 anos). Porém, foi no mês um que resolvi fazer uma aula experimental de alongamento e preparação corporal, nesse dia reclamei como forma de protesto interior, pra mim, naquele momento, era melhor fazer algumas piadas e assumir que minhas mãos não encontravam meus pés. Além dessa aula, comecei a praticar yoga em casa seguindo vídeos no youtube.

As coisas começaram realmente a mudar quando descobri Dana Falsetti e Jessamyn Stanley, mulheres plus size que praticam yoga. Foi tão mágico descobrir que aqueles corpos cheios de curvas e avantajados conseguiam se moldar em cima daquele tapete colorido e emborrachado. Toda vez que eu esmorecia olhava para a foto de uma delas e falava pra mim mesma — um dia você chega lá. Passei a me dedicar mais ao alongamento, pois ali tinha a possibilidade de acompanhamento profissional, a Mimi Naoi, minha professora, sempre colocou confiança em mim.

(Jessamyn Stanley, via Facebook)

Percebi que conexão era o que eu estava tentando fazer, desafiar a mim mesma, controlar minha respiração e aos poucos eliminar a ansiedade. Toda quarta-feira me visto com meu melhor corpo, esse que estou redescobrindo e cuidando, a aceitação é algo difícil, ela vem de acordo com o tempo que gastamos com ela. Por exemplo, pra mim, ter encontrado na internet Dana e Jessamyn me ajudou na minha aceitação quanto flexibilidade, foi importante. Em uma entrevista para People.com Dana, exaltou— “People see these photos and it’s someone who looks a little bit more like you or just someone in a bigger body doing something that you think you can’t do, and you start wondering, ‘Oh, maybe I could do that.’"

A última vez que chorei pelo meu corpo, foi semana passada, quando consegui fazer a posição de ponte. Chorei, pois a partir daquele momento eu não era mais a mesma menina que antes sofria bullying na escola por ser gorda (espero esquecer quando um professor de química corroborou com os meus colegas e balançou a cadeira quando fui para o meu lugar, fingindo que era terremoto). Hoje, eu sou a mulher que veste 46/48, alcança os próprios pés e, se depender, consegue até voar!

Camila Fontenele de Miranda

Fotógrafa, idealizadora do projeto Todos Podem Ser Frida, viajante e libriana com ascendente em capricórnio.

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