top of page

Representatividade política feminina

Depois de tanto pensar em um assunto para iniciar minha colaboração, eis que deparo com uma situação que pareceu questionável. Ao verificar as curtidas de uma página de uma deputada federal bastante influente, defensora das mulheres, constatei que todas as pessoas em comum que curtem a página são homens. Isso me faz querer buscar respostas para este fato. Já deixo esclarecido que não é a falta de pessoas que se interessam por política na minha rede social. Venho de uma universidade e, mais ainda, um curso bastante politizado, com pessoas de todos os gêneros que são ativas politicamente seja em qual instância for, desde a representação em colegiados a filiações em partidos. Então resta saber se há um desinteresse da maior parte das mulheres pela política ou se há o desconhecimento da busca pela representatividade. Ambos os casos são resultados do patriarcalismo, presente em diversas facetas da sociedade, inclusive muito fortemente na política.

De 1932 até os dias atuais se passaram 84 anos desde que as mulheres obtiveram o direito de votar e de se candidatar a cargos políticos. Apesar do cargo máximo da República ser ocupado por uma mulher, o Brasil ocupa a 118ª posição em um ranking de 190 países preparado pela União Interparlamentar que divulga a representatividade feminina no Congresso Nacional (disponível em: http://www.ipu.org/wmn-e/classif.htm). Do total de 513 assentos na Câmara dos Deputados, 51 pertencem às mulheres, o que representa 9,9% do total. No Senado, 13 das 81 cadeiras pertencem às mulheres, correspondendo a 16%. A participação feminina no parlamento fica atrás de países de maioria muçulmana, onde é sabido que há violações frequentes aos direitos humanos e as mulheres nem sempre estão em condições de igualdade com os homens, como a Líbia, Marrocos e Emirados Árabes.

Mesmo com a alteração na lei eleitoral 9504/97 promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2010 da obrigação de ao menos 30% de participação das mulheres, a proporção de candidatas eleitas ainda é baixa. Isso é reflexo do patriarcalismo na política brasileira, já que os partidos são dominados por homens, que cedem pouco espaço para as campanhas femininas. Mesmo com números baixos, eles cresceram comparado à eleição de 2010, na Câmara Federal 45 mulheres foram eleitas.

Os espaços políticos são há muito tempo estruturados de acordo com valores e referencias masculinas, criou-se a ideia de que política é coisa de homem. O resultado disso é que, apesar das leis civis, constitucionais e trabalhistas concederem igualdade às mulheres, os direitos ainda não são plenamente respeitados. As mulheres que estão de alguma forma inseridas na política sofrem preconceitos que podem ser observados nas prioridades para votação de projetos, na quantidade de mulheres que se dispõem a estar nesse meio e o quanto assuntos que dizem respeito ao corpo feminino são colocados em pautas políticas e obtêm votações contrárias com argumentos que não respeitam a liberdade das mulheres. Ora, nossa presidente não tem postura séria à toa, infelizmente é preciso pulso firme para ser ouvida.

Fora da política, no meio social, as mulheres sofrem preconceitos, se sentem insatisfeitas pela posição inferior que recebem seja em casa ou no trabalho, mas não sabem onde recorrer e o que podem fazer para tudo se tornar mais igualitário. Aonde buscar representatividade? Já que a política é representada em sua maioria por homens, buscar o apoio em mulheres parece ineficaz.

Considerando que a informação não se encontra fácil e nem ao alcance de todas, parece ser plausível o porquê do desconhecimento por parte das mulheres da deputada federal que eu citei no início do texto e de tantas outras que se dispõem a lutar por nossos direitos. Séculos de patriarcalismo e ele ainda segue marcando presença em eventos cotidianos, mesmo após lutas e mais lutas.

Tamara Quadros, 23 anos, estudante de Gestão Pública pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page