Sobre a fragilidade da autoestima feminina
Foto: Bruna Ferreira
Sobre a fragilidade da autoestima feminina
Esse é um texto baseado puramente nas minhas experiências de vida e nas minhas
observações do mundo. Não tenho nenhum diploma ou pesquisa pra me dar apoio nas coisas
que eu vou dizer, só da minha própria vida e meus pensamentos.
Ultimamente eu ando dizendo muito a frase “a autoestima da mulher na sociedade
atual que é tão fragilizada...”, e bom, sinceramente eu não sei se posso falar por todas as
mulheres quando eu falo isso, apenas por mim mesma enquanto mulher, e eu sinto que essa
afirmação é verdadeira em cada fibra do meu corpo. Mas primeiro, se não se importarem,
quero contar como eu cheguei nessa conclusão.
Eu acredito que eu nasci uma pessoa insegura de mim. Não estudei psicologia, mas eu
tenho essa teoria de que todo mundo já nasce com algumas partes do caráter e da
personalidade, e algumas vão aparecendo ao longo da vida e das experiências de cada um. Eu
digo que acho que nasci insegura porque não me lembro de um momento, desde as minhas
primeiras memórias, em que eu me senti diferente. Nunca me senti confiante ou que pudesse
ser tão boa quanto os outros. Em consequência disso eu aprendi a me ver como “invisível”
perante às pessoas. A impressão que eu tinha é que se alguém soubesse o meu nome eu
deveria me sentir honrada.
E eu cresci acreditando que eu era invisível. De verdade. E é uma coisa que me
assombra até hoje. Mesmo depois de anos de terapia, de autoconhecimento, depois de ter
sobrevivido à depressão mais de uma vez, eu ainda me pego pensando coisas como “imagina
que vão lembrar de mim” ou “ninguém ali sabe quem eu sou”, quando na verdade é só a
minha cabeça me sabotando. Mas eu me pergunto, se eu não fosse menina, mulher, esse
pedaço inseguro da minha personalidade, a minha autoestima que eu me acostumei a dizer
que de tão baixa ficava “abaixo da terra”, não seria mais fácil de resgatar e transformar em um
pedaço mais positivo pra mim mesma? Porque é claro que a insegurança e a baixa autoestima
não é exclusiva do sexo feminino, mas será que não é mais encorajada para nós?
A gente ouve muito aquele velho conselho “se ame primeiro pra conseguir amar os
outros”, e apesar de provavelmente ser verdade, vou falar aqui que não é uma coisa fácil de se
ouvir quando você é uma pessoa que tem dificuldade pra amar a si mesmo. Porque além disso,
ainda te dão a perspectiva de que você não pode amar os outros, e amar é muito bom e faz
bem pra alma, né? Bom, não quero sair do assunto aqui. A questão é, segundo eu mesma e os
fatos da minha vida, se a pessoa nasce com essa personalidade insegura, ela precisa não só
dela mesma e da sua vontade, mas também das pessoas que a cercam e da sociedade em geral
para transformá-la em confiante e segura. Eu não consigo nem pensar em número pro tanto
de vezes que eu me olhava no espelho me achando toda gata e competente antes de sair de
casa, e no meio do dia acontecia alguma coisa, por menor que fosse, que me derrubava por
inteiro. As pessoas tentavam me elogiar mas eu só pensava em como os elogios poderiam ser
verdade se todos os fatos apontam pro contrário? E o que eu quero dizer é que basta muito
pouco pra arruinar um progresso, as vezes grande e até doloroso, quando se trata da
autoestima de alguém.
Então todo mundo é frágil em relação à essas questões né? Homem, mulher, menino,
menina. Sim, é tudo muito frágil. Mas se a gente parar pra pensar na quantidade de cobranças
e desafios que existem em ser uma mulher, esteticamente, fisicamente, profissionalmente,
intelectualmente... Uma mulher que já nasceu insegura de si quase não tem chance nesse
mundo né? Pois é, crescemos acreditando que não somos boas o suficiente, não importa
quem, e se o seu subconsciente já te dizia isso e o mundo confirma, o trabalho é dobrado.
Esse texto é pra dizer não somente que nós enquanto mulheres somos fragilizadas
pelo machismo do mundo e precisamos nos tornar menos frágeis e mais fortes, mas também
pra repudiar toda forma de tentativa de rebaixamento ou fragilização de uma mulher. A gente
precisa deixar claro que não é normal e não é ok. Eu acredito que as coisas estão mudando,
naquele passinho de tartaruga, mas estão, e o que nos resta é seguir firmes. Eu tomei como
uma missão na minha vida lutar contra a baixa autoestima feminina, do jeito que eu conseguir.
Porque mesmo que eu não tenha vencido a minha própria, eu sei que é uma questão que pode
mudar a vida de alguém, de uma mulher. Inclusive mudei de profissão pensando também
nisso, mas isso é assunto pra outra conversa.
Somos todas importantes, somos todas belas.
Texto:
Thais Felicio
28 anos de pura imaturidade. Dizem que tem rosto de 19 (eu juro), mas a cabeça é de uma pré-adolescente perturbada.
Atualmente maquiadora desempregada, mas com vontade de trabalhar o tempo todo, e desocupada o suficiente pra pensar, e pensar muito, na vida e no mundo. Segundo a sua bio do tinder: "Todo mundo gosta de pensar que é muito diferente, e eu sou igual. Mas com menos frescura, e mais paranóia.
Foto:
Bruna Ferreira
20 anos, São José do Rio Preto, São Paulo. Fotógrafa de um universo infinitamente lindo. Retratando Mulheres nas suas mais belas formas.Com um olhar simples, único e delicado, ajuda mulheres normais e belas, se redescobrirem. Dando a elas um momento de amor próprio e aceitação interior e exterio
Comments