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As pretas dão trabalho


A ideia do amor afrocentrado é proeminente, se pautarmos sobre a solidão da

mulher negra,ressaltando também, que o casal (negros) saberá dos sofrimentos que

ambos passarão, ao longo da vida, devido a existência acentuada do racismo velado

à brasileira.

Nós, mulheres negras, passamos por processos de reconhecimento, de

autovalorização e empoderamento pessoal tão profundo, que chega a afetar os

homens negros e não negros. Que estavam habituados, com nossos cabelos

esticados, sempre para baixo, com nossas falas contidas, e de segundo plano.

Posturas sempre em alerta. Pois, estávamos sempre sendo observadas por olhares

julgadores. Tínhamos que nos controlar, para que não fossemos comparadas as

“mulheres barraqueiras”.

Hoje, não aceitamos mais os seus nãos. Tão pouco essa postura machista da qual

foram criados. Já não aguentamos mais nada calada. Nossas vozes saem alto de

nossas gargantas e já não são mais secundarias. Somos protagonistas de nossas

histórias e não meras coadjuvantes. Ganhamos visibilidade. Somos tão empoderadas,

que chegam a preferir às de cútis com baixa melanina. Ás de falas contidas. Sob a

alegação de que NÓS, mulheres negras, damos muito trabalho.

Escutei essa fala de um homem negro militante, quando o questinei sobre seus

envolvimentos amorosos interraciais. E essa foi a resposta que escutei: - As pretas

dão muito trabalho.

E de fato, ele está correto. Damos muito trabalho realmente. Não passamos pelo

processo de empoderamento pra simplesmente, reprimir sentimentos e deixar que

nossa presença passe em “branco”.

Então fazer discursos sobre amor afrocentrado, sem vivenciá-lo é muito raso.

Falar de amor afrocentrado sem ter como base a solidão da mulher negra é “chover

no molhado”. Pois mesmo nessa solidão, falaremos, gritaremos e escureceremos os

lugares por onde passarmos.

E se isso não te bastar, vá em frente em seus relacionamentos interrraciais.

Joice Aziza

Sou mulher, sou negra, ativista, mãe solteira, professora, sou arteira,

"poeta" (dizem, rs), mas a cima de tudo sou Guerreira.

O que tento, deixar nessas linhas simples, é um pouco de mim, não mais

guardado, engavetado ou só para mim. Registrando as mais diversas formas de voar, voar com Arte, poetizando minhas escrevivências.

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